quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Devanagari (Sanskrit) Pronunciation and Transliteration

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Brahmacharya

Literalmente o termo Brahmacharya significa “ir em direção a Brahma” ou “aquilo que gira em torno de Brahma”. Ser brahmacharya é ter os sentidos sobre controle, toda a energia ao serviço do Ser, inclusivé a energia sexual. É ter a mente introvertida indo em direcção a Brahma e não indo em direcção aos objectos dos sentidos. É ver também nos objectos do sentidos a pureza reflectida do Absoluto.

Canção de Átma

ÄTMAÑAÖAK OU nirvana satkam
por Shankaracharya
Eu não sou a mente, nem o intelecto, não sou o ego nem a consciência;
Não sou a audição, nem o paladar, o olfato ou a visão;
E nem o espaço ou a terra, não sou a luz ou o ar.
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.
Não sou o que se chama de Prana (energia) nem os cinco alentos vitais;
Nem os sete elementos, nem os cinco corpos.
Não sou a fala, as mãos ou os pés, nem o sexo ou a excreção.
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.
Não tenho apegos nem sinto aversão a nada. Nem ganância, nem confusão.
Nem o orgulho nem a inveja são meus.
Não tenho deveres (dharma), nem objetivos, nem desejo, nem aspiro à libertação (moksha).
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.
Nem a virtude, nem o pecado, nem a alegria ou o sofrimento;
Nem o mantra, nem os lugares sagrados, nem as escrituras ou o ritual.
Não sou o prazer, nem o que é prazeiroso, nem aquele que desfruta do prazer.
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.
Não sou a morte nem o medo, não tenho classe social ou casta;
Nem pai, nem mãe, nem o nascimento são meus.
Não tenho parentes ou amigos, nem guru ou discípulos.
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.
Sou imutável, sem forma,
Não estou subjulgado pelos sentido e permeio tudo o que existe.
Sou incomensurável. Estou além da servidão e da própria libertação.
Minha natureza é a benção da pura consciência. Eu sou Shiva, eu sou Shiva.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Patañjali
Médico e sábio Hindu (Séc. II a.c. – há cerca de 2500 anos)


Patañjali, codificou e sistematizou o Yoga pela primeira vez, através dos Yoga Sutras, uma colecção de 196 aforismos divididos em quatro capítulos. Legou-nos o Yoga para realização da consciência, a Gramática para purificação da palavra e a Medicina para perfeição da saúde.
Yoga Citta Vritti Nirodah
Patañjali definiu o Yoga como o “controlo da frequência das ondas mentais”.
“A mente pode ser comparada a uma agulha coberta de lama e Brahman a um íman.
A agulha não pode ser atraída pelo magnetismo, sem antes livrar-se totalmente da lama”.
Sri Ramakrishna (1836-1886)

Tendo em vista esta Purificação ou Kriyá (externa e interna), o sistema de Yoga de Patañjali é dividido em 8 membros:
YAMA, Paz com o mundo
NIYAMA, Paz consigo
ÁSANA, Paz com o corpo físico
PRÁNÁYÁMA, Paz com o metabolismo e a energia vital
PRATHYÁHARA, Paz com os órgãos dos sentidos, os pensamentos , as emoções e a imaginação, através da abstracção
DHARANÁ, Paz com os processos cognitivos, com o intelecto, através de uma mente focada, – Ekagratá
DHYÁNA, Paz com a mente profunda, citta, através da meditação pelo controlo da frequência das ondas mentais
SAMÁDHI, Paz com o ser – superconsciência – estado semente

Focamos aqui os alicerces do Yoga:

II-30 – Yama, princípios de conduta ou de auto-controlo

AHIMSÁ, não violência para com o todos os seres
SATYA, viver com a verdade
ÁSTEYA, não se apropriar de algo indevidamente
BRAHMACHÁRYA, transmutar os desejos pela percepção da unidade em todas as coisas
APARIGRAHA, desapego a posses desnecessárias

II-31 – Estes são grandes votos universais, incondicionados por classe social, lugar, tempo ou circunstância

II-32 – NiYama, alicerces de Yama (auto-controlo)

SHAUCHÁ, pureza do corpo e da mente
SAMTOSHA, contentamento, aceitação e compreensão das leis universais do Dharma
TAPA, vontade enérgica, convicção
SVADHYÁYA, auto-estudo, atitude reflexiva sobre si próprio
ÍSHVARA PRANIDHÁNA, entrega ao princípio de vida

II-33 – As questões e incertezas que causam sofrimento devem ser superadas pelo sentimento oposto
II-34 – Os juízos questionáveis que dão origem a violência e outros, sejam consumados, incitados ou aprovados, são causados pela ilusão, cólera e impaciência. Tenham intensidade forte, moderada ou fraca resultam em ignorância e sofrimento e por isso devemos usar o sentimento oposto
II-35 – Quando nos estabelecemos firmemente na não violência, a hostilidade afasta-se na nossa presença
II-36 – Quando nos estabelecemos firmemente na verdade, os resultados dependem das acções
II-37 – Quando nos estabelecemos firmemente na honestidade, a riqueza é atraída
II-38 – Quando transmutamos os desejos pela realização da Unidade em tudo, obtemos grande vigor e energia
II-39 – Quando se persevera no desapego a posses desnecessárias, conhece-se o sentido da vida
II-40 – Quando se pratica a pureza, desenvolve-se aversão pelo seu oposto
II-41 – Com a purificação do Ser obtém-se alegria, concentração, domínio dos sentidos e aptidão para conhecer o Eu.
II-42 – A prática do contentamento produz uma felicidade incomparável
II-43 – A vontade enérgica destrói impurezas e deenvolve poderes físicos e sensoriais (Siddhi)
II-44 – Meditar sobre si próprio conduz à união com energias superiores desejadas
II-45 – Pela entrega plena ao Princípio de Vida atinge-se o Samádhi (Suprema Consciência ou Meditação profunda)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009


Anatomia do Ujjáyi “Respiração forçada consciente” Ujjáyi significa vitorioso; da raiz ujji – conquistar



         O prána, o ”motor evolutivo” que encontramos em todos os 5 elementos da natureza de que também somos feitos (terra, água, fogo/luz, ar e éter/espaço) não se encontra apenas e concretamente naquilo que nos proporciona força  e saúde (luz solar, ar, água  e alimentos). Ele encontra-se também, e num nível súbtil nas emoções positivas (alegria, amor, serenidade) - As emoções são a contrapartida física para cada sentimento porque  reflectem-se no nosso corpo. No entanto, como a fonte mais importante de prána (bio-energia) se encontra na atmosfera, é por meio do pránáyáma que controlamos a  sua captação e distribuição no nosso ser.
Embora descrito como uma técnica específica de pránáyáma, o Ujjáyi acontece espontaneamente em estados de concentração intensa e meditação profunda. Acontece igualmente e espontaneamente em animais em situação de perigo, como reflexo para protecção da vida (estado de vigilância acrescido);  também em crianças pequenas quando brincam montando legos ou resolvendo problemas, e também em adultos em situações de stress. Em circunstâncias de stress, a tensão muscular e reflexa da laringe induz a uma forte redução na entrada de ar pela glote, resultando em prolongadas expirações e elevada pressão intra-toráccica. Como resultado, eleva-se muito a pressão sanguínea e aumenta o CO2 no sangue (hipercapnia). Esta respiração está, portanto associada a factores sociais de atenção, expectativa e ansiedade em comportamentos defensivos. O estímulo original deste padrão deriva de uma área chamada de vigilância, situada no hipotálamo e habilita o animal/indivíduo para o reflexo de luta ou fuga tornando-o extremamente vigilante.
No Yoga, o Ujjáyi é auto induzido num ambiente em que não existe eminência de perigo ou qualquer expectativa.
Em qualquer pránáyáma, alteramos toda esta atmosfera de excitação para um ambiente de relaxamento físico e mental. A respiração é feita consciente e activamente sem necessidade de compensar súbitas exigências bio-físicas, dado que não há actividade física paralela. Trata-se de uma respiração voluntária com uma profunda dimensão espiritual, que engloba ritmos, ciclos e frequências específicos. Neste processo a frequência respiratória e cardíaca permanecem baixas, salvo em alguns pránáyáma específicos especiais.
O Ujjáyi consiste num bloqueamento consciente e parcial da glote, com consequente aumento da resistência à passagem do ar na inspiração e na expiração. As narinas permancem relaxadas e passivas (não queremos cheirar o ar, queremos apenas sentir as correntes frescas na inspiração e quentes na expiração). O som (de vento) produzido nesta técnica não advém das cordas vocais, mas da fricção do ar quando passa na laringe e ajuda a manter a atenção focada.  Ao contrair a laringe cria-se também uma ligeira contracção dos músculos inter-costais expandindo a área de “atrito” até ao peito. Este aumento da pressão intra-pulmonar, aumenta o efeito de sucção exercido nos pulmões e activa a circulação venosa.  Resultando num aumento da temperatura corporal, esta técnica é por vezes utilizada como pré-aquecimento, nomeadamente das articulações, tão necessário para exercícios mais intensos.
Já conhecemos por experiência, o efeito do nosso estado emocional sobre a nossa respiração autónoma. Sabemos que a vida apressada que levamos e até o exercício físico exigente que muitas vezes escolhemos para praticar exigem uma maior captação de O2, ou seja maior frequência de ventilação automática. A intensa actividade muscular leva igualmente a um aumento da frequência cardíaca e, consequentemente, a estados de excitação esgotantes no organismo físico e mental (necessidade acrescida de energia e necessidade acrescida de eliminação dos produtos residuais resultantes do processos de combustão das células). 
Por isto, temos tendência para sobrevalorizar a necessidade O2 no nosso organismo, mas devemos também entender que a presença do CO2 é muito importante. É que mais O2 no sangue não quer necessariamente dizer melhor oxigenação celular (mais ou menos como ingerir nutrientes excessivamente, não quer dizer maior assimilação pelo organismo / mais ar a passar nos pulmões não significa mais O2 a passar para a corrente sanguínea – ver Efeito de Bohr); é necessária também a presença do CO2. A afinidade ou o apego da hemoglobina (proteína transportadora de O2) ao oxigénio depende do PH e do dióxido de carbono no sangue. Tanto H+ (iões de hidrogénio ou protões) como CO2 (dióxido de carbono) promovem a libertação do O2 (oxigénio) ligado. Quando o nível de CO2 no sangue ou o seu PH são  muito baixos, a hemoglobina agarra-se ainda mais ao O2 que carrega em si. Então apesar de haver muito O2 no sangue, ele não está disponível para as células. Consequentemente aumentamos a frequência respiratória como resposta e em vez de aliviar a sensação de falta de ar, podemos agravar os sintomas (porque sempre que aceleramos a respiração sem acelerar o seu metabolismo, libertamos demasiado CO2, levando a um aprisionamento do O2 na Hemoglobina e a uma aumento da pressão sanguínea devida a contracção reflexa dos vasos sanguíneos – atenção às hiperventilações crónicas).
No Ujjáyi, a respiração lenta, a resistência aplicada na glote e o consequente aumento de pressão nos pulmões ajudam a uma maior absorção de O2, mantendo CO2 suficiente para manter o equilíbrio entre estes 2 gases.
No Ujjáyi, por acção reflexa, é estimulado o tonus vagal, a actividade parassimpática por meio do  nervo vago, sendo regulada a frequência cardíaca. O aumento da resistência do ar inspirado/expirado, devido ao fechamento parcial da glote durante o ujjayi, resulta em maior variabilidade da frequência cardíaca (variação do tempo entre os batimentos cardíacos) sem aumento da frequência respiratória, e numa maior tolerância aos níveis de CO2 no sangue, com uma consequente optimização da resposta dos barorreceptores que controlam a pressão sanguínea (actividade simpática). O organismo do praticante adapta-se para tolerar maiores níveis de stress e exercícios mais exigentes.
Num nível mais avançado, sucedem as arritmias respiratórias (apneias espontâneas - kumbhaka),  que são muito comuns nas alterações respiratórias durante meditação,  e já confirmadas nas pesquisas que averiguam estes estados de consciência. As arritmias respiratórias espontâneas, assim como a menor sensibilidade quimiorreflexa (aumento de CO2 sanguíneo sem elevação da Frequência respiratória) podem provocar uma maior dilatação dos alvéolos, que por sua vez, estimulam o nervo vago do tronco encefálico em comunicação com o tálamo, o sistema límbico (incluindo hipotálamo) e o córtex sensorial-motor. Todos estes factores, em conjunto parecem aumentar a atenção e a vigilância, libertar e inibir a secreção de alguns neurotransmissores e diminuir a activação encefálica em algumas áreas do cérebro. São estimuladas as funções intelectuais.
Também por acção reflexa é normalizado o funcionamento da glândula tiróide  e de todo o sistema endócrino.
No Ujjáyi, a contracção de todo o plexo laríngeo pode ser ajudada com Khechari Mudrá, o gesto de voltar a língua para cima e para trás, enrolando-a e pressionando-a contra o palato mole,  gesto com profundo efeito a nível energético e espiritual (Khechari significa literalmente “flutuar pelo espaço”)
A capacidade de consumo de O2 aumenta exponencialmente  após o Ujjáyi, com um pequeno Kumbhaka (apneia) no final da inspiração. Como sabemos o Kumbhaka (retenção da respiração com pulmões cheios está associado a aumentos  da frequência cardíaca, tanto na inspiração como na expiração, o que sustenta a maior necessidade parassimpática em todos os estágios do Ujjáyi).
Também como benefício, temos o desprendimento de mucosidades acumuladas nas vias respiratórias
Com a devida atitude mental (consciência testemunha – sakshi – contacto com o eu profundo -  equanimidade), oferece-se o desprendimento de padrões inconscientes que condicionam os nossos processos fisiológicos e mentais.



 



Definição de Hemoglobina:
A hemoglobina (frequentemente abreviada como Hb) é a proteína que contém ferro e transporta oxigénio através dos glóbulos vermelhos (eritrócitos) pelo organismo, para as todas as partes do corpo irrigadas por vasos sanguíneos.
A distribuição é feita através da interacção da hemoglobina com o oxigénio do ar (que pode ser inspirado ou absorvido, como na respiração cutânea). Devido a isto, forma-se o complexo oxi-hemoglobina, representado pela abreviatura HbO2. Chegando às células do organismo, o oxigénio é libertado e o sangue arterial (vermelho) transforma-se em venoso (vermelho arroxeado). A hemoglobina livre pode ser reutilizada no transporte do oxigénio.
Definição de Mioglobina:
A mioglobina é uma proteína de baixo peso molecular, encontrada nas musculaturas esquelética e cardíaca.
Quando a concentração de oxigénio diminui ao nível das células musculares, o oxigénio dissocia-se da mioglobina, suprimindo assim a sua falta.
A mioglobina do tecido muscular armazena oxigénio. Quando há falta de oxigénio (p. ex., no exercício intenso), o oxigénio armazenado é libertado e será utilizado, na mitocôndria do músculo, para a síntese de ATP.
Efeito de Bohr
A afinidade da hemoglobina pelo oxigénio depende de vários factores:
·        Do pH, pois a acidez estimula a libertação de oxigénio assim diminuindo a afinidade/apego da hemoglobina ao oxigénio.
·        Da concentração de CO2, pois o aumento da sua concentração reduz a afinidade/apego da hemoglobina ao oxigénio.
Portanto, níveis mais elevados de CO2 e H+ (iões de hidrogénio ou protões) nos capilares de tecidos num metabolismo activo promovem a libertação do O2 da hemoglobina, enquanto que o efeito recíproco ocorre nos capilares alveolares, no qual a alta concentração de O2 liberta CO2 e H+ da hemoglobina, assim como altas concentrações de H+ e de CO2 nos tecidos activos, libertam O2.
Estes elos entre a ligação do O2, H+ e CO2 são conhecidos como o efeito de Bohr.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Anatomia do Súrya Namaskára A Saudação ao Sol

A adoração do Sol esteve sempre presente nas primeiras civilizações, a par com a adoração do Fogo. Sob diferentes nomes, o Sol foi sendo considerado uma divindade ao longo dos tempos, um Deus doador de vida. Apesar de a Ciência não encarar o Sol como uma divindade, não deixa de prestar-lhe homenagem considerando-o o Astro-Rei, a Estrela, que por efeito gravitacional da sua massa, domina o sistema planetário, que incluí a Terra. Mediante a sua energia electromagnética, o Sol comporta toda a energia que mantém a vida na Terra, porque todo o alimento e combustível advém, em última análise, das plantas que utilizam a energia da luz do Sol. Graças ao Sol distinguimos as direcções (percepção espacial) e deslizamos no tempo (percepção temporal).
Nos textos sagrados da Índia, o Sol é visto como a manifestação material e vísivel do Deus Brahma, criador do Universo, como a fonte de todas as formas de vida, como a própria inteligência que anima o nosso corpo e graças à qual existimos. É visto como a alma dos seres vivos e não vivos, cujos raios se dispersam para podermos ver a nossa verdadeira essência. O Sol, Savitur ou Surya, também é conhecido como Hiranyagarbha (semente dourada).

Aliando a forma, a energia e o ritmo, a saudação ao Sol prepara a mente para a meditação, como se de “uma fórmula de geometria divina” se tratasse.

Os movimentos desta Sequência aumentam e regulam o fluxo de prána, a energia súbtil que circula no corpo, removendo bloqueios e beneficiando-nos com o poder de canalizar sabiamente esta energia. Uma pessoa muito mental e introspectiva é beneficiada se executar o Surya Namaskara mais rápido e uma pessoa muito activa e agitada pode ser beneficiada praticando-o mais lentamente.
Ajudando a dispersar a energia estagnada (tamas), esta sequência permite uma libertação de espaço para que possa ser colocado em circulação, prána renovado. Tamas, a inércia é aqui, eliminada através do accionamento de rajás (movimento/repetição) para purificação (calor – forte estímulo do plexo solar onde são cozinhados os alimentos e a força de vontade), abrindo caminho para um estado sátvico, equilibrado.
A nível subtil (Sukshma sharira) e com a devida introspecção e entusiasmo, aumenta a concentração e a estabilidade mental; aquietam-se os pensamentos. Gera-se maior disposição (aquecimento e ritmo), vitalidade (estímulo das glândulas supra-renais e timo) e equilíbrio (permanência no momento presente, longe de todas as ansiedades).
A forma como se realiza a sequência assemelha-se ao ritmo do Universo: O ciclo dos 12 ásanas (para cada lado) representa as 24h do dia, os 12 meses do zodíaco/relógio e o bio-ritmo do corpo. Cada movimento simula a posição dos ponteiros de um relógio imaginário, como se fossemos um relógio de Sol, um templo do Sol. Também o próprio ciclo do sol resume a existência humana (jovem pela manhã, maduro pelo meio-dia e velho ao entardecer). Esta saudação visa a harmonização do ser com o Universo.

O Surya Namaskara, a nível físico (sthula sharira) desenvolve os principais grupos musculares do corpo e promove o seu alongamento não apenas na periferia do corpo, mas também em todas as secções da coluna vertebral. Trata-se de uma sequência de ásanas combinados com a respiração (nasal) que permite manter a coluna no seu estado saudável, fortalecer/estimular todos os nervos que saem da espinal medula, criar mobilidade nas diferentes articulações, massajar os órgãos internos e estimular os sistemas respiratório e circulatório sanguíneo e linfático.
“O ar tece o Universo” Bṛhad Āraṇyaka Upaniśad, III:7.2
“A respiração tece o Homem” Atharva Veda, x:2.13
A saudação ao Sol contrai e relaxa alternadamente diversos grupos musculares, criando uma acção de bombeamento nas veias com o consequente aumento de retorno do sangue venoso ao coração. O músculo cardíaco é utilizado na sua máxima capacidade harmonizando ritmo e frequência cardíacos. Verifica-se um maior afluxo de sangue em circulação em órgãos vitais como os rins e fígado (principais responsáveis pela desintoxicação do corpo) e pâncreas (que produz importantes enzimas lançadas nos intestinos para transformar os nutrientes em elementos mais simples facilitando a sua absorção; e que produz a insulina para regulação dos níveis de açucar no sangue).
Durante esta sábia união entre a respiração e o movimento, que absorve/foca completamente a mente, o músculo diafragma e os diversos músculos acessórios envolvidos na respiração movimentam o ar para dentro e para fora dos pulmões como se de um ritual se tratasse. Esta acção, aqui optimizada, melhora as trocas gasosas entre o O2 e CO2 ao nível do sangue, harmoniza o fluxo e profundidade da respiração com a consequente regulação do ph sanguíneo. Todo o calor gerado pelo corpo durante a saudação ao Sol, eleva a temperatura provocando a dilatação dos vasos sanguíneos da superfície do corpo. Assim, a vasodilatação combinada com a transpiração (libertação de água, sais minerais e algumas toxinas), dissipa o calor e regula a temperatura, impedindo o sobreaquecimento. O calor aumentado também aumenta a circulação de sangue por todo o corpo fazendo com que os tendões e ligamentos fiquem mais maleáveis. É estimulada a circulação do líquido sinovial que circula nas articulações suprindo de nutrientes as cartilagens e facilitando a remoção de matérias mortas nos espaços entre as articulações. Lembremos que nesta sequência como em qualquer ásana, é o molde do ásana que se adapta ao corpo e não o contrário pois cada Yogui tem a sua estrutura particular.

domingo, 28 de setembro de 2008

Anatomia do Alento

A respiração é o elo perdido de ligação entre as funções voluntárias e involuntárias no cérebro. A respiração é regulada da mesma forma que os batimentos cardíacos ou que o fluxo sanguíneo, pelo sistema nervoso autónomo, no entanto é a única que pode ser controlada conscientemente, através da vontade. Ao respirarmos influenciamos fenómenos como a frequência cardíaca, a frequência das ondas mentais ou a secrecção de hormonas pelo nosso metabolismo. Na verdade, controlando a nossa respiração dominamos todos os aspectos do nosso ser.
Então vamos analisar o nosso Alento: 



Factores que podem alterar a nossa respiração:
- Postura (força da gravidade)
- Pressão (resistência das vias-aéreas intra e extra pulmonares)
- Alterações anormais na composição quimíca do sangue
- Emoção (impulsos iniciados pela estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral – via hipotálamo - podem afectar a respiração)
- Vontade
Os nossos pulmões possuem o formato de um triângulo, cuja base é a zona maior
- Ventilação Pulmonar:
-->Os pulmões não possuem massa muscular suficiente para provocar a entrada e saída de ar, embora possuam a excelente propriedade de serem elásticos. Eles necessitam dos movimentos da caixa toráccica e do diafragma, membrana que separa a caixa toráccica da abdominal, para levaram a cabo a ventilação (proce sso mecânico), que é possível devido à diferença de pressão entre o ar no exterior e dentro dos alvéolos pulmonares. (Quando os pulmões se expandem a pressão interna é menor que a externa e o ar é atraido pelo vácuo criado nos pulmõe s; e quando eles diminuem a pressão interna é maior que a externa e o ar é atraído para o exterior).


No Yoga exploramos toda a capacidade pulmonar com especial incidência para a zona baixa dos pulmões a mais volumosa (respiração abdominal), a mais rica em alvéolos pulmonares e a mais irrigada (onde é portanto maior o rendimento de absorção do oxigénio), usando-se conscientemente o diafragma (processo natural). Utilizamos quase a totalidade da capacidade pulmonar (excepção para os cerca de 1,5L de ar residual que é a quantidade de ar que permanece nos pulmões mesmo depois da máxima expiração).

- Difusão pulmonar ou hematose troca de oxigénio por dióxido de carbono entre os pulmões e o sangue

- Regulação neural:
- A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo raquidiano ou medula oblonga (Trata-se de uma região primitiva do cérebro, relacionada com os processos vitais, como as contracções cardíacas, a respiração e a pressão arterial). Desse centro partem os nervos responsáveis pela contraçcão dos músculos que intervêm na respiração (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através da espinal medula para os músculos da respiração. Em condições normais, o centro respiratório produz, a cada 5 segundos, um impulso nervoso que estimula a contracção da musculatura toráccica e do diafragma, fazendo-nos inspirar.

A ventilação pulmonar é produzida pela oposição de três tipos diferentes de forças: elásticas, de resistência e de inércia ou relaxamento. 


Percebe-se portanto o enfâse atribuído no Yoga, à respiração “abdominal” para a optimização da capacidade pulmonar. É que o músculo diafragma, esse magnifico êmbolo, que se encontra nesta zona, é imprescindível para a ventilação pulmonar.
- Regulação quimíca: - O Centro respiratório, ou bulbo, é capaz de aumentar e de diminuir tanto a freqüência como a amplitude dos movimentos respiratórios, pois possui quimio-receptores que são bastante sensíveis ao pH do plasma. Essa capacidade permite que os tecidos recebam a quantidade de oxigénio que necessitam, além de remover adequadamente o dióxido de carbono. Quando o pH do sangue está baixo (acidose), devido ao aumento do dióxido de carbono, o centro respiratório aumenta a frequência e a amplitude respiratórias e, desse modo, acentua a eliminação do CO2.Quando o pH do sangue está elevado (alcalose), devido à diminuição do dióxido de carbono, o centro respiratório diminui a frequência e a amplitude respiratórias e, desse modo, acumula CO2 no sangue, reduzindo a sua eliminação. A respiração é o principal mecanismo de controle do pH do sangue (os rins também controlam o estado ácido/básico do sangue. Existe também um mecanismo químico de substâncias presentes no sangue e que agem aos pares ligando-se ou ao ácido ou à base). A ansiedade e os estados ansiosos promovem a secrecção acrescida de adrenalina que, frequentemente tem como consequência hiperventilação, algumas vezes com tal intensidade que o indivíduo torna os seus líquidos orgânicos alcalóticos (básicos), devido à diminuição de grande quantidade de dióxido de carbono, precipitando, assim, contracções dos músculos de todo o corpo (A alimentação e a actividade física produzem desvios do pH que são prontamente compensados, quando as funções respiratória e renal são adequadas).Outras ocasiões há em que a concentração de oxigénio nos alvéolos cai para valores muito baixos. Isso ocorre especialmente quando se sobe a lugares muito altos, onde a concentração de oxigénio na atmosfera é muito baixa ou quando uma pessoa tem pneumonia ou alguma outra doença que reduza o oxigénio nos alvéolos. Sob tais condições, os quimio-receptores localizados nas artérias carótida (do pescoço) e aorta (no coração) são estimulados e enviam sinais pelos nervos vago e glossofaríngeo, estimulando os centros respiratórios no sentido de aumentar a ventilação pulmonar.



Não esqueçamos no entanto, que a respiração não é apenas pulmonar, todo o corpo físico respira, a verdadeira respiração é celular, é o fenómeno que consiste basicamente na extracção de energia química acumulada nas moléculas de substâncias orgânicas diversas, tais como hidratos de carbono e lípidos, para ser usada nos processos vitais. É um processo de decomposição de moléculas orgânicas em compostos mais simples, libertando energia.
Todo o corpo mental e emocional gere o prána ou bio-energia, através das nádi, linhas preferenciais para a passagem de energia…
Psicologicamente, o ritmo e o som interno da nossa respiração ressoam por todo o nosso corpo, acentuando o que estiver na nossa mente…