domingo, 28 de setembro de 2008

Anatomia do Alento

A respiração é o elo perdido de ligação entre as funções voluntárias e involuntárias no cérebro. A respiração é regulada da mesma forma que os batimentos cardíacos ou que o fluxo sanguíneo, pelo sistema nervoso autónomo, no entanto é a única que pode ser controlada conscientemente, através da vontade. Ao respirarmos influenciamos fenómenos como a frequência cardíaca, a frequência das ondas mentais ou a secrecção de hormonas pelo nosso metabolismo. Na verdade, controlando a nossa respiração dominamos todos os aspectos do nosso ser.
Então vamos analisar o nosso Alento: 



Factores que podem alterar a nossa respiração:
- Postura (força da gravidade)
- Pressão (resistência das vias-aéreas intra e extra pulmonares)
- Alterações anormais na composição quimíca do sangue
- Emoção (impulsos iniciados pela estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral – via hipotálamo - podem afectar a respiração)
- Vontade
Os nossos pulmões possuem o formato de um triângulo, cuja base é a zona maior
- Ventilação Pulmonar:
-->Os pulmões não possuem massa muscular suficiente para provocar a entrada e saída de ar, embora possuam a excelente propriedade de serem elásticos. Eles necessitam dos movimentos da caixa toráccica e do diafragma, membrana que separa a caixa toráccica da abdominal, para levaram a cabo a ventilação (proce sso mecânico), que é possível devido à diferença de pressão entre o ar no exterior e dentro dos alvéolos pulmonares. (Quando os pulmões se expandem a pressão interna é menor que a externa e o ar é atraido pelo vácuo criado nos pulmõe s; e quando eles diminuem a pressão interna é maior que a externa e o ar é atraído para o exterior).


No Yoga exploramos toda a capacidade pulmonar com especial incidência para a zona baixa dos pulmões a mais volumosa (respiração abdominal), a mais rica em alvéolos pulmonares e a mais irrigada (onde é portanto maior o rendimento de absorção do oxigénio), usando-se conscientemente o diafragma (processo natural). Utilizamos quase a totalidade da capacidade pulmonar (excepção para os cerca de 1,5L de ar residual que é a quantidade de ar que permanece nos pulmões mesmo depois da máxima expiração).

- Difusão pulmonar ou hematose troca de oxigénio por dióxido de carbono entre os pulmões e o sangue

- Regulação neural:
- A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo raquidiano ou medula oblonga (Trata-se de uma região primitiva do cérebro, relacionada com os processos vitais, como as contracções cardíacas, a respiração e a pressão arterial). Desse centro partem os nervos responsáveis pela contraçcão dos músculos que intervêm na respiração (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através da espinal medula para os músculos da respiração. Em condições normais, o centro respiratório produz, a cada 5 segundos, um impulso nervoso que estimula a contracção da musculatura toráccica e do diafragma, fazendo-nos inspirar.

A ventilação pulmonar é produzida pela oposição de três tipos diferentes de forças: elásticas, de resistência e de inércia ou relaxamento. 


Percebe-se portanto o enfâse atribuído no Yoga, à respiração “abdominal” para a optimização da capacidade pulmonar. É que o músculo diafragma, esse magnifico êmbolo, que se encontra nesta zona, é imprescindível para a ventilação pulmonar.
- Regulação quimíca: - O Centro respiratório, ou bulbo, é capaz de aumentar e de diminuir tanto a freqüência como a amplitude dos movimentos respiratórios, pois possui quimio-receptores que são bastante sensíveis ao pH do plasma. Essa capacidade permite que os tecidos recebam a quantidade de oxigénio que necessitam, além de remover adequadamente o dióxido de carbono. Quando o pH do sangue está baixo (acidose), devido ao aumento do dióxido de carbono, o centro respiratório aumenta a frequência e a amplitude respiratórias e, desse modo, acentua a eliminação do CO2.Quando o pH do sangue está elevado (alcalose), devido à diminuição do dióxido de carbono, o centro respiratório diminui a frequência e a amplitude respiratórias e, desse modo, acumula CO2 no sangue, reduzindo a sua eliminação. A respiração é o principal mecanismo de controle do pH do sangue (os rins também controlam o estado ácido/básico do sangue. Existe também um mecanismo químico de substâncias presentes no sangue e que agem aos pares ligando-se ou ao ácido ou à base). A ansiedade e os estados ansiosos promovem a secrecção acrescida de adrenalina que, frequentemente tem como consequência hiperventilação, algumas vezes com tal intensidade que o indivíduo torna os seus líquidos orgânicos alcalóticos (básicos), devido à diminuição de grande quantidade de dióxido de carbono, precipitando, assim, contracções dos músculos de todo o corpo (A alimentação e a actividade física produzem desvios do pH que são prontamente compensados, quando as funções respiratória e renal são adequadas).Outras ocasiões há em que a concentração de oxigénio nos alvéolos cai para valores muito baixos. Isso ocorre especialmente quando se sobe a lugares muito altos, onde a concentração de oxigénio na atmosfera é muito baixa ou quando uma pessoa tem pneumonia ou alguma outra doença que reduza o oxigénio nos alvéolos. Sob tais condições, os quimio-receptores localizados nas artérias carótida (do pescoço) e aorta (no coração) são estimulados e enviam sinais pelos nervos vago e glossofaríngeo, estimulando os centros respiratórios no sentido de aumentar a ventilação pulmonar.



Não esqueçamos no entanto, que a respiração não é apenas pulmonar, todo o corpo físico respira, a verdadeira respiração é celular, é o fenómeno que consiste basicamente na extracção de energia química acumulada nas moléculas de substâncias orgânicas diversas, tais como hidratos de carbono e lípidos, para ser usada nos processos vitais. É um processo de decomposição de moléculas orgânicas em compostos mais simples, libertando energia.
Todo o corpo mental e emocional gere o prána ou bio-energia, através das nádi, linhas preferenciais para a passagem de energia…
Psicologicamente, o ritmo e o som interno da nossa respiração ressoam por todo o nosso corpo, acentuando o que estiver na nossa mente…

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Motivações para a minha prática de Yoga

3 Qualidades necessárias para evoluir em todas as disciplinas do Yoga:
- Fé, ou convicção, convicção intensa e sincera, de que através do trabalho, da prática, atingirei o meu objectivo, quer leve pouco tempo ou muito. O tempo não importa.
- Regularidade, prática sem interrupções de modo a usufruir dos benefícios de cada disciplina.
“Praticar um dia por semana é como dar um passo em frente, não praticar nos restantes seis dias é como dar seis passos para trás” – Yoga Publications, Bhiar School in Dharana Darshan
- Continuidade, prática, com a regularidade mencionada acima, durante um longo período de tempo, sem impaciência, sem expectativas, sem distracções.

Retenho que o meu corpo e a minha mente estão interligados. Para relaxar uma parte do meu corpo, tenho de focar a mente nessa zona, e no entanto, só consigo focar a minha mente se ela estiver relaxada, então proponho-me
- Acalmar a minha respiração, e como consequência acalmo a mente.
(Quem detém a respiração, detém o pensamento)
Retenho que todos os movimentos mentais e/ou físicos, reféns dos órgãos dos sentidos (Jñanendryas), excitam a mente, reforçando a sua natureza instável e que a verdadeira acção, pelo contrário, absorve a mente, então proponho-me
- Diminuir/purificar/harmonizar esses movimentos (palavras, pensamentos, acções), reféns do sentidos, e potenciar a verdadeira acção interior
- Agir sem que a acção me domine
- Encontrar no coração da acção, o desapego
- Descobrir a inteligência para além da mente que é instável
- Alinhar todo o meu ser com os movimentos subtis, mais profundos que me habitam
- Entrar no verdadeiro campo de batalha, onde não são precisos nem guerreiros, nem armas, porque entendo que o Amor é a origem de tudo. Brindo a resistência com esforço, a luta com paciência e a tensão com perserverança.
E finalmente, entendo que:
Yoga não é um fim, é um caminho
Yoga não é uma religião, é uma filosofia prática e experimental de vida
Yoga não é uma ginástica, é uma forma de expressão
Yoga não é uma questão de forma, mas sim de alinhamento

YOGA CHITTA VRTTI NIRODHAH – Patañjali (médico, e sábio hindu – Séc. III a.c., que codificou o Yoga - (Yoga é o controlo da frequência das ondas mentais) in Yoga Sutra

YOGA (da raiz de sânscrito, Yuj – jugo), significa juntar;
Eu diria que, com calma, autodomínio, reconhecimento interior, coragem moral, paciência perserverante, estabilidade mental, convicção, firmeza e constância, Yoga é contemplar, compreender, aceitar, resolver, assimilar, transcender e integrar Manas (Mente), Ahamkára (Ego) e Buddhi (Intelecto, propósito, consciência mais pura), reflectindo em todo o nosso ser, Purusha (Espírito).

E finalmente retenho que o meu Corpo, esse Macro-Cosmo em miniatura, é o meu livro de estudo, e eu vou virando cada página, até encontrar o verdadeiro autor. Ele é a manifestação da minha mente, o meu texto mais concreto, a mensagem mais clara e primordial, é um lar de profundas memórias, que quero purificar até ao nível de Átman, a Alma…
Tudo isto não é uma disciplina passiva, não é uma fuga da realidade, mas sim uma intensa busca da Verdade… Compreender que a minha Alma individual é apenas uma partícula de todo o espírito Universal…